DEPOIS DA TEMPESTADE, SEMPRE VEM OUTRA, RSRS...

EU ESTAVA HOJE - 22/10 - VOLTANDO NO TEMPO, HÁ PRECISAMENTE DOIS ANOS ATRÁS...
Minha vida ME virou do avesso, quando saí da empresa em que estava estável, com um bom salário, e apesar da distância para minha residência, nunca reclamei porque amo o centro de SP, e por força maior - assédio sexual -, eu me vi entre a " vida confortável " ou minha dignidade...
Se eu não quero olhar na cara de alguém, ou falar com alguém, eu simplesmente não faço, não me obrigo e isso é natural pra mim... Mas, eu tinha que escolher, em nome do meu " bem estar ", permanecer lá, aguentar a presença e voz da pessoa que eu queria que estivesse no quinto dos infernos, quando aconteceu... Ooou, sair de lá e correr o risco de passar um tempo desempregada, mesmo tendo aluguel pra pagar, um animal para sustentar, e fiquei um mês para tomar a decisão!
Hoje, eu me questionava não se a decisão que tomei foi a certa, mas o que a vida queria me ensinar com tudo aquilo... Tenho medo de não ter aprendido, e ter que acontecer de novo!
Em 2011, fiquei um mês desempregada, comuniquei minha saída da empresa, e porque a empresa demorou mais que o previsto para me pagar, eu tive que pedir dinheiro emprestado para o aluguel, eu passei fome, pela primeira vez... Eu morava com um casal na época, e o cara tinha uma lojinha lá no centro... Eles deixavam pão mofando na mesa, e eu tendo que ir andando, da Praça Júlio Prestes até a Praça Oswaldo Cruz, na ponta da Av Paulista, para que com o dinheiro da condução eu pudesse comer alguma coisa, até receber, mas como devia minha mãe, fiquei um tempinho passando por isso... Eu sentava na cama, e quando colocava os pés no chão era insuportável!
Eu lembrei de tudo isso - aliás, nunca esqueci - quando tive que tomar a decisão de continuar na empresa depois do assédio, ou dar a cara pra bater no mundo, de novo, mal imaginava eu o que eu passaria em quase todo o ano de 2017!
No final de 2016, próximo ao Natal, tive que entrar numa igreja, me ajoelhar e pedir a Jesus que tirasse de mim TANTA raiva daquela criatura - não porque escolhi sair da empresa, mas pela decepção, ele era um pai pra mim! Hoje eu fui ver uma foto dele, e é como se eu tivesse deletado aquele dia da memória, a primeira coisa que me veio na cabeça foram as coisas boas, as risadas, as piadas, o carinho que eu tinha por ele...

E aí, passaram-se dois anos, desde o ano mais difícil da minha vida, e fico pensando: será que aprendi? No que mudei de lá pra cá?

Eu não sei se me decepciono com as pessoas ou com o sonho que monto sobre elas na minha cabeça... 2017 foi um pesadelo, inclusive, pelas pessoas... Teve o lado bom, e já falei sobre, mas, a grande lição que fica é que somos ricos, o tempo inteiro, e precisamos perder pra entender que a pobreza está em nossa postura, em nossa ingratidão pela vida...
Eu agradeço do momento em que acordo ao momento que vou dormir, desde outubro de 2017, e nos termos materiais, nada mudou na minha vida - exceto o fato de ter conseguido um emprego, mas que também não me garante o amanhã, nem sei se estarei viva! Não mudou nos termos materiais, mas hoje eu sou feliz, verdadeiramente feliz... Eu aprendi a reconhecer o quanto a vida é fornecedora, o quanto somos clientes reclamões, quando o serviço é o adequado para nós, mas achamos que merecemos mais!
Sabe? Eu enxergo, eu respiro por conta própria, eu caminho sobre minhas pernas, e com saúde, eu agradeço pelo trabalho, mesmo que esse ainda não seja o dos meus sonhos... Eu sempre me digo, nas minhas reflexões, que não há nada a pedir, eu já tenho tudo! E o grande detalhe, é que isso é sincero!
Eu acho, eu tenho certeza, que meu ex patrão não precisa me pedir perdão por nada, caso isso passe na cabeça dele, desde que as dificuldades da vida material superaram as emocionais, eu soltei ele da minha raiva, eu libertei ele do meu controle, e já tentei fazer força pra entender o que houve, porque ele nunca tinha dado indício dessa intenção... Mas, o que quer que tenha sido o motivo, esse motivo sabia que minha dignidade para mim está em primeiro lugar, e se eu paguei um preço caro por isso, não faria diferente hoje! Eu me admiro demais pelo ser humano que sou, apesar da ausência de incentivo, do ambiente que cresci e fui criada, da ausência de pais, de amor, de uma família estruturada, principalmente emocionalmente... Eu me admiro por ser grande, apesar de tanta pequenez que me cercava, e que ainda me cerca! É claro que não se levanta sozinho quando a queda é brusca, como foi para mim... E nada mudou no mundo material, mas eu me tornei uma pessoa que gostaria de ver mais vezes ao meu redor, e pelo mundo! É uma pena que eu não queira ser mãe - não com toda a realidade que estou ciente - mas eu seria aquela mãe que diz: " Filho, já é seu, se só depende de você, então é seu, VOCÊ PODE TUDO! "... Porque faria exatamente o oposto do que aconteceu comigo, na minha infância...
A infância é um " curso preparatório " para a vida, e é uma pena que os adultos reprodutores não vê desta maneira, em sua maioria... Hoje, somos uma multidão de adultos repletos de medos, fobias, neuroses, crises, fragilidades, quando o mundo exige o oposto...
A única coisa que eu tinha e que permaneceu comigo, mesmo embaixo da tempestade, foi a minha mente = que me culpava e culpava meus pais, a família onde escolhi nascer, a humanidade, etc, etc... E uma briga dentro de mim sobre certo e errado, todo santo dia, o dia inteiro!
Mas, minha gente, as coisas só começaram a andar naquele ano quando eu cedi, quando abandonei toda a razão e coloquei minha vontade, minha intenção, meu coração no meu dia a dia, no meu futuro a curtíssimo prazo, e aí começou a funcionar!
Enquanto eu brigava com o mundo e com a vida, estava tudo travado! Quando eu me abandonei nos braços da força maior que verdadeiramente controla tudo, e não eu, é que a coisa começou a acontecer...
Nós queremos ter o controle de tudo o tempo inteiro, e daí vem a vida nos ensinar, da maneira mais doída, que se a gente SOLTA, o negócio flui, se a gente prende, a gente está mandando a mensagem ao Universo de que não confiamos nele, quando foi ele mesmo que nos criou!
Eu sei, e como sei, que pra você que lê isso e está passando por uma situação difícil é difícil acreditar que as coisas vão melhorar, que há alguma justiça olhando por nós, que a tempestade nunca vai acabar, mas vai... Elas sempre acabam, e isso não quer dizer que estará imune delas, mas mais preparado para a próximo - e tudo bem!
É isso, mesmo que eu venha chorar, e gritar que sou sozinha, e que estou abandonada, etc, etc, como fiz em 2017, VAI PASSAR, o céu se abrirá de novo, e vou sorrir de novo, rsrs!
Hoje, com total frieza e assistindo a situação como se não tivesse sido comigo, eu vejo, eu percebo e entendo que foi melhor assim! O que aconteceu me pegou frágil, nem fazia um ano que meu irmão tinha falecido, foi uma pancada forte, me deixou com a cara no chão, e eu achava que só existia o chão, até olhar pra cima!
Eu ainda não descobri qual é o sentido da vida, se é que podemos caçar isso, mas a felicidade sim! No presente em que se vive, e no presente que é viver! A vida nos dá sinais, temos a intuição, temos sonhos e visões, tudo nos prepara para enfrentar tudo!
Questionamos as atitudes " da vida " como se aquilo não fosse a nossa colheita...
Em 2017, eu sonhei - e não foi um sonho, foi a memória de uma vida minha, no passado... - Eu sonhei que mandava quebrar os pés de um menino, uma criança, só porque ele era apaixonado por mim... O sonho foi tão real - e era a Idade Média - que quando eu acordei, segundos, eu ainda sentia a raiva do menino ardendo no peito... Eu me perguntava quem era aquele menino, e a única pessoa que me veio na cabeça foi meu patrão, no qual senti raiva parecida... Meses depois do sonho, a vida tirou meus pés! Eu tive nojo do ser humano que fui, relembrando o sonho... Mas era eu, e bem eu, porque me pego em pequenas atitudes como a tirana da Idade Média, cheia de ódio descabido...
Eu poderia estar naquela empresa ainda, mas, segundo o povo hindu, eu estou exatamente onde deveria estar, fazendo o que deveria estar fazendo, vivendo o que me é necessário! É difícil pra gente entender os caminhos que a vida faz a gente trilhar, mas todos eles nos levam ao nosso aperfeiçoamento, à nossa lapidação!
Ainda tenho medo do que posso colher, não sei o que de tudo eu aprontei no passado, a única coisa que sei é que a lei universal nos encontra, onde quer que estejamos, e nos aplica a justiça!