" O DIA EM QUE EU SAÍ DE CAAAAASA... "

Uma das postagens mais vistas do Blog é a do dia 11 de agosto de 2010, o dia em que saí da casa da minha mãe, e postei a música " Cruz " - Christina Aguilera...
Nem em sonho eu imaginei tudo o que já aconteceu de lá pra cá...
Saí de lá desesperada pra me livrar da sensação de estorvo naquela casa, e só pensava num colchãozinho largado num chão, num quartinho só pra mim...
O que passei na minha mãe eu já escrevi aqui, e o modo de ser dos moradores daquela casa, por mais que eu não aceite, não vai mudar nunca... A última vez que dormi lá, no começo desse ano, a energia densa me pegou e fiquei com uma gripe terrível, febre, e fui trabalhar mal na segunda... Fazia uns três anos que eu não dormia lá... Passei o ano inteiro de 2009 e até abril de 2010 com crises de diarréia " sem explicações ", e quando saí de lá nunca mais isso aconteceu... Enfim, é um lugar carregado mesmo, mas quem mora não se importa!
Fui morar na casa da minha tia, e a coisa que mais fazia era ler, muitos livros, um atrás do outro... Foi uma experiência diferente, com situações inesperadas, umas ruins, outras boas, e fiquei cinco meses por lá, até conseguir um quartinho no apartamento de uma amiga, no Centro...
O lugar que eu verdadeiramente amei morar foi o Ipiranga, e sinto saudades... Mais saudade de lá do que de São Mateus, que morei quase minha vida toda...
Não é fácil viver de aluguel, de comida de restaurante, de lavar roupa na mão e a chuva molhar tudo... Mas, isso foi o de menos... Passei situações críticas mesmo, e acho que descobri que eu não me conheço completamente, ou que eu subestimei minhas forças!
Quanto mais você se " arrebenta ", você fica mais humano! Suas máscaras de orgulho vão caindo, porque, quando você precisa de estranhos pra ajudar, não adianta ter orgulho, nariz empinado... Você se torna mais simples, e percebe que algumas coisas não são necessárias...
Pra ter umas coisas, preciso abrir mão de outras...
Não saí da minha mãe pensando em sucesso e prosperidade, mas em ter paz! Ela é tão cara que não há afortunado na Terra que pague...
E a grande surpresa, a grande decepção da minha vida só consegui ver depois que saí de lá, de que eu nunca tive ninguém, de que não posso contar com ninguém... Foi terrível, terrível, não desejo isso à pior pessoa que seja... Foi como se, eu já existisse de algum lugar, com 28 anos, e todo o meu passado significou nada para aqueles que conviveu comigo, principalmente a minha mãe...
Eu lamento não ter saído de lá com 18 anos, e tive tanto apoio das amigas no serviço... Acho que hoje eu seria melhor ainda!
As pessoas daquela casa pararam no tempo, infelizmente, e não há nada que faça a vida deles andar! Eu arrumei encrenca ali por causa disso, mas percebo que sou impotente para a corja energética e espiritual que pairou naquele ambiente...
Vivi momentos muito bons, momentos emocionantes, momentos de terror, de profunda tristeza, e não tinha ninguém ao meu lado...
Eu não sinto falta deles, mas de uma família, sei lá, uma família do nada... Abraços de irmãos que torcem por mim, uma mãe pra eu chamar de amiga... Não quero marido e filhos, minha família é a de onde eu vim! Eu não a tenho, nunca tive, é verdade mas quero dizer que marido e filhos não vai suprir a necessidade que tenho de ter uma mãe!
Fico chocada, como um ser humano coloca quatro filhos no mundo, e de todos a gravidez foi de nove meses, teve todo o contato físico e emocional possível, e de repente os filhos crescem, passam necessidades, e ela não se importa? Que que tem no peito dessa pessoa?
Não quero saber de choro no meu caixão, vá pra puta que pariu!!! Precisei de amor aqui na Terra, fora dela tem muita gente que me ama, e já sei disso...
Meu Deus, como gastei meu emocional com gente que nunca se importou comigo... Sabe? Lutei pelo bem deles, mas eu sou o eterno monstrinho pronto pra atacar!
Rs, daí, entre várias coisas que aprendi vivendo no mundo, uma delas é que sim, eu posso fazer o Bem, àqueles que querem receber o Bem... Perdi tempo com eles, e hoje tem crianças que querem minha presença, tem meu gato que faz questão de mim... Aliás, meu gato foi o maior fator para que eu me importasse menos com minha família...
Eu falo deles hoje, mas de fato aqui no presente, eles não tem a importância que já tiveram um dia, e eu mal acredito que consegui apagar isso de mim... Talvez eu me importe enquanto seres humanos, como me importaria com qualquer um, mas não como minha família, porque a mim não ajudaram, não quando eu mais precisei!
Valeu ter saído de casa? Coooomo valeu! Parece que a vida sorriu pra mim, parece que portas se abriram, parece que era pra ser assim... Rs, é impossível me imaginar lá outra vez!
Gostaria, claro, que eu tivesse saído de lá em outras circunstâncias, mas se tudo estivesse bem, eu certamente estaria lá até hoje... A vida sabe muito bem como mexer os pauzinhos...
Foi como se, as circunstâncias dissessem: Bem vinda ao mundo, tipo, foi meu novo nascimento!
Foi muito bom, e está como deveria estar...

08 de Fevereiro.

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